Pesquisa descreve o mecanismo de moscas varejeiras usarem gotículas de saliva para resfriar a temperatura de seus corpos e propõe abordagem matemática para o fenômeno
As moscas varejeiras usam gotículas de saliva para resfriar a temperatura de seus corpos. Elas projetam uma gota de saliva para fora do aparato bucal e, em seguida, a recolhem de volta, o que viabiliza a evaporação de água presente na secreção e seu consequente resfriamento. A repetição do mecanismo faz a gota de saliva perder até 8°C em relação ao ambiente em apenas 15 segundos. Essa forma de regulação de temperatura corporal da Chrysomya megacephala nunca havia sido descrita até a publicação, nesta quinta-feira, do artigo Droplet bubbling evaporatively cools a blowfly, na revista on-line Scientific Reports.
“Quando a mosca engole novamente essa gota, ela consegue resfriar, primeiramente, a cabeça; posteriormente, o tórax e, por fim, o abdômen”, conta o biólogo Guilherme Gomes, pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP e um dos autores do artigo. O mecanismo permite à mosca diminuir consideravelmente a temperatura e o metabolismo de tecidos que geram alto gasto energético. “Ela faz ciclos sequenciais de três, quatro, cinco vezes. Algumas fazem até 15 vezes esse ciclo”, completa Gomes.
O grupo de pesquisadores, composto de cientistas da USP e da Unesp, utilizou uma câmera termográfica para registrar as atividades das moscas ao longo de dias. As imagens permitiram medir a temperatura corpórea superficial dos insetos em diferentes horários e condições “climáticas”. Com os dados obtidos a partir dos experimentos, os cientistas construíram um modelo matemático para compreender e descrever o processo de termorregulação da Chrysomya megacephala por meio da evaporação da saliva.
“O que nós fizemos foi aplicar princípios básicos de conservação de energia para este caso”, diz o físico Roland Köberle, professor do IFSC-USP e coautor do paper.
O modelo indica que, após a mosca realizar seis vezes o ciclo de ingestão da gota, há uma queda de 3°C na cabeça, 1,6°C no tórax e 0,8°C no abdômen do animal. A frequência do comportamento varia de acordo com a temperatura ambiente: quanto maior o calor, mais frequente é a extrusão de gotas de saliva. No entanto, com umidade do ar superior a 80%, o mecanismo perde eficiência e as moscas deixam de engolir as gotas.
Os pesquisadores também notaram que as moscas repetiam o comportamento com maior frequência no escuro, o que indica uma variação que acompanha os períodos de atividade e inatividade desses insetos diurnos, possibilitando a diminuição da atividade neural durante o repouso.
“Ela reduz entre 2°C e 3°C a temperatura corpórea por oito horas, repetindo esse comportamento a cada 30 ou 60 minutos”, explica Gomes.
O comportamento de ingestão da gota de saliva após o processo de evaporação já era conhecido, mas se acreditava que tivesse a função apenas de concentrar nutrientes e reduzir o peso da mosca durante o voo. Agora, a extrusão e a ingestão de gotas de saliva aparecem como um mecanismo de termorregulação análogo à transpiração, em humanos, e à ofegação, nos cães.
A capacidade de controlar a temperatura, conforme demonstrado no trabalho, é uma das características evolutivas mais interessantes das moscas. “Moscas e insetos em geral são os organismos que estão mais adaptados ao ambiente terrestre, longe de qualquer outro. Eles sobrevivem bem com pouca coisa, têm a capacidade de separar as faixas etárias do desenvolvimento, de controlar e reduzir perda de água através de processos excretórios específicos, grande eficiência na percepção sensorial do ambiente e a troca de gases deles é uma das formas mais eficientes do ponto de vista de circulação”, afirma o biólogo.
Assista abaixo a entrevista publicada no Canal USP.
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